quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Discurso Direto - 24h TVI e "quero um emprego na TVI"

Discurso Direto na TVI 24h é um programa de espaço para debate de assuntos da actualidade destacados pelos média, em particular nos títulos dos jornais. À semelhança do que acontece na sic notícias, tem em estúdio DOIS convidados e recebe telefonemas do público para debater assuntos na mesa. É «moderado» neste caso que vi por José Carlos Araújo e vai para o ar entre as 10h e 11h da manhã e das 15h às 16h.


Hoje apanhei o final do programa e também mo apeteceu comentar. Marcou-me a intervenção de um reformado de nome Maurício Luís que levantou a questão: "Nós vamos reconstruir este país com quem?".
O senhor apresenta-se como tendo dois filhos, uma formada como professora a dar aulas em Inglaterra e outro engenheiro, a trabalhar na Áutria e Alemanhã. Diz o senhor: "As nossas melhores cabeças foram todas embora (...) Com quem este país se vai levantar? O nosso melhor foi-se embora. Mas atenção: aqueles não são da mala de cartão! Estes não voltam (...) e se calhar nem o dinheiro cá põem."

Imediatamente esta observação me remeteu a outra que escutei de José Hermano de Saraiva num dos seus "Horizontes de Memória". Nesse programa onde se falava dos feitos portugueses e da emigração, concluiu o senhor a mesma coisa. Indo contundo buscar exemplos mais idos e já prevendo o futuro pelo presente e pelo passado. 


E é verdade. Infelizmente também acho que sei a resposta à pergunta do senhor Maurício Luís. Quem vai reconstruir este país é a mão de obra estrangeira. Ou melhor sendo: os interesses estrangeiros. As multinacionais que comprarem os negócios, que importarem a mão de obra mais barata de países mais arrasados por guerras e pobreza do que este Portugal. Vamos passar de povo explorador a explorado. De Nação empreendedora a nação sub-alugada. E o futuro pode muito bem vir a ser assim: todos «expatriados», em busca de melhores raios de sol onde estes podem brilhar. Vão as melhores mentes, ficam nas sombras os velhos, os muito pobres, os menos esclarecidos. Aqueles que não têm iniciativa para contestar, para entender, os mais submissos e menos cultos.


CULTURA foi outro tema abordado neste Discurso Direto e a cultura tem tudo a ver com o rumo miserável do país e com a profundidade do fosso. Porque quem não conhece, quem não abre os horizontes, quem não tem sede de conhecimento, contenta-se e conforma-se com o pouco que lhe apresentam. 

A convidada Lídia Jorge responde à questão: "Está a população portuguesa suficiente desperta e moralizada para dar atenção à cultura?

A suspirar acaba por dizer que acha que as pessoas estão de tal forma desalentadas que acabam encolhidas, ficam dentro de casa, estão a ficar numa espécie de "anestesia de impotência" porque não se deram respostas. Conclui também que "Como é uma população que se contenta com pouco do ponto de vista cultural, digamos que acode pouco ao que a cultura oferece. A população é uma espécie de entidade que está carente de receber cultura. E consome aquilo que lhe vem à mão. Hoje as pessoas têm apenas um espaço de cultura que é ficam em casa e vêm televisão".


E termina fazendo sobressair o óbvio e muito necessário: a televisão como principal veículo de cultura de alcance à população profunda deve desempenhar um papel formativo. Bom, ela não disse com estas palavras, estas são minhas, mas o sentido é o mesmo. Abraçar mais o papel formativo e informativo e menos o de entretenimento - digo eu. 


Noutro dia estava numa página de troca de opiniões no facebook onde todo o género de pessoas comenta. Nisto vejo alguém escrever assim: "Quero um emprego na TVI". E continua o apelo escrevendo "Arranjem-me um emprego na TVI". "respondam", "gostava de fazer comédia", "digam-me como se faz", "Ninguém responde?! Invejosos querem tudo para vocês!

E por esta amostra fiquei a conhecer, temer e a lamentar a forma como alguma juventude quiçá mais exposta à televisão do que a outro género de ofertas culturais - até mesmo simples livros, está a formatar o seu pensamento. Por este exemplo existe um segmento de jovens que QUEREM algo e o querem DADO. Não se mexem para o obter, querem-no oferecido e imediatamente. "Quero um emprego na TVI"...  É quase o mesmo como dizer que se quer ser bailarina aos cinco anos de idade e esperar, do nada e sem seguir qualquer percurso, que aos 18 já se consiga ser. Uma juventude que não entende que para chegar a Cristiano Ronaldo é preciso batalhar muito na bola. Que não foi sentado ou a enviar mensagens através do telemóvel que algum sonho dele se concretizou...  Brrrrrrr!!!

"A população portuguesa hoje é uma população que praticamente apenas depende da televisão. A televisão acaba por ser o veículo maior para todas as outras áreas de cultura" - concluí a convidada Lídia Jorge, salientando desta forma o papel importante que a televisão tem na mentalidade e na formação da população que a acolhe como único veículo cultural e informativo. E pelo exemplo que facultei, acho que tem toda a razão. 




sábado, 18 de janeiro de 2014

Sociedade das Nações - novamente

Estava a fazer zapping, procurando um canal com algo de interesse para ver. Após perder algum tempo com algo ao qual nem costumo ligar muito (live from the SAG red carpet) acabei por parar na Sic Notícias. Uma mulher através de uma ligação Skipe falava muito apressadamente e calorosamente sobre política e governos. Quase mudei novamente de canal após não perceber de imediato ao que se referia mas entendi que para estar em ligação Skype o mínimo que merecia era ser ouvida. Falava sobre a situação política na Turquia e explicava ou opinava sobre o momento que se vive por lá. Continuei a acompanhar e percebi que o programa a que estava a assistir era "Sociedade das Nações" - já referido aqui.

Gosto deste programa, que me cativa ainda que não entenda praticamente nada de política. Gosto de um programa que informe, que procure, que revele e que fale do que é para ser falado. Cabe a mim entender  ou não mas cabe aos meios de informação saber informar. E nos últimos anos têm desaprendido a fazê-lo adequadamente. Neste programa ainda o sabem. E melhor que saber fazer é conseguir comunicar e alcançar com um vasto público. Julgo que é o que a «Sociedade das Nações» consegue fazer. 

Pouco depois a ligação em Skype é interrompida e a emissão passa para estúdio. Quem eu vejo como convidado?  Allan Katz, ex-embaixador dos EUA em Portugal. Nada de extraordinário se não fosse a simples coincidência de ter sido com ele que surgiu o outro post sobre o programa. Tendo em conta que regressou para o seu país, aparentemente e não sei porque razão é agora professor ao invés de executar algum cargo ligado com a política. Achei caricato. Pareceu mais triste e talvez mais magro. Mas também mais solto e menos de "guarda montada". Mas podem não passar de impressões minhas.

Sociedade das Nações - é para ver. Mesmo quem não procura a actualidade política. Quando «esbarrar» com ele, não mude de canal. Dê uma oportunidade. Vale sempre a pena sentir que a televisão cumpre bem o seu papel como meio de informação. E já que isto muito raramente se sucede durante os telejornais, haja um programa que de alguma forma o faça.